A vida ensina em todas as situações vividas, sejam elas boas
ou ruins. Mas, aqui, hoje, eu quero falar das ruins. Porque são essas que vão
fazer você, provavelmente, cometer menos erros lá na frente e desfrutar de vida
melhor. O saudoso Abujamra – agora substituído em seu programa, Provocações,
por Marcelo Tas – perguntava a seus convidados e agora é copiado: o que é a
vida?
Como eu jamais serei entrevistado pelo mestre Abujamra, tampouco
devo ser pelo seu sucessor, usarei o meu espaço, que é este, para dizer o que é
a vida:
- A vida é uma sucessão de equívocos, onde a falta de
experiência ou a insistência no que não deu certo são as ferramentas utilizadas
para o aborrecimento;
O que é a vida?
- A vida é um conjunto de ações temerárias, recheadas com
pitacos de ações assertivas, que mesmo sendo te cobram um preço na frente;
O que é a vida?
- A vida é a única coisa que nós temos, sem opção de
escolha. Porque até a morte é uma parte da vida, inexistindo sem a primeira. A
vida é uma linha do tempo onde nós construímos o que queremos ser, tendo que desvencilhar-nos
de tentáculos que nos levam ao fracasso do ser quem queremos.
O que é a vida?
- A vida é um jogo de reflexão, onde construímos e
desconstruímos teorias que nós mesmo plantamos e outras que plantaram em nós. E
essa é a melhor parte dela.
Eu me emocionei escrevendo isso. Não emoção de chorar, mas
de esfregar as mãos, sorrir sozinho, franzir o cenho e até suar e tremer um
pouco. Descrever a vida não é fácil. Poucos conseguiram fazer mais de duas
vezes no “Provocações”. O que você acha que a vida?
Dito várias vezes, sob meu olhar, o que é a vida, eu chego
num ponto desse texto que pode te desanimar. Contudo, é uma conclusão que você
provavelmente teria se tivesse feito essa reflexão antes. A vida é um errar contínuo.
Você conhece alguém que, com qualquer idade, de tanto errar aprendeu tudo?
Alguém que não comete mais nenhum erro? Você conhece alguém perfeito?
Esqueça suas paixões. Na paixão o outro é perfeito, porque
guarda nele o amor que você busca – até que passe a ser outra pessoa esta que
guarda, caso necessite de ser. Eu, você, ele, ela, eles todos cometerão equívocos
das mais diversas espécies, cada um dentro do seu quadrado. Entenda: com o
perdão da palavra, você faz cagada até quando acha que não fez, sem perceber.
Mas tem um lado bom, se você tem habilidade nisso (eu considero que tenho
relativa habilidade, o suficiente para que não seja acusado): as besteiras que
você comete não repetirá. Portanto, ninguém tem o direito de dizer que um
problema que hoje tens, foi causa de outro fracasso no passado. A menos que
você mesmo chegue a esta conclusão.
A vida é um ciclo (vicioso) que algumas vezes nos leva ao
mesmo lugar, ou à mesma situação. E o que você faz com ela é diretamente uma
resposta ao que fez na rodada anterior. Exemplo: se você, desatento, confiou
que um farol amarelo não fecharia antes que passasse, errou sua conclusão e
levou uma multa, provavelmente no próximo amarelo você freia. Se você tomou uma
decisão que tirou de você uma pessoa amada, e nisso a culpa foi tua, no seu
próximo amor você apeifeiçoará o teu problema. E quem sabe até torna-lo
virtude. É possível.
Portanto, repito: não é direito de ninguém acusa-lo de
repetição de equívoco, pois o terceiro não viveu a tua vida, não fez as tuas
reflexões, tampouco sentiu o que você sentiu naquele momento. Por isso que os
velhos são sábios e, segundo aquele dito africano, “quando um velho morre uma
biblioteca se incendeia”. Uma biblioteca de conhecimento sobre o que é a vida e
como vive-la. Mas quem é velho suficiente para se prevenir de todos os
equívocos? Basta, para nós, olharmos dentro do nosso próprio ser, e ter, acima
de tudo, humildade para reconhecer a presença daquilo que muitas vezes nos
magoa ou magoa um amado.
E no decorrer dos nossos dias aqui nesta Terra, nós vamos
noite pós noite deitando na cama, refletindo, mudando, metamorfoseando as
respostas para a mesma pergunta: afinal, o que é a vida?
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