A lente de contato irritou. Eu extrapolo, fico com ela
durante o dia todo, até o momento de deitar para dormir. Mas foi no momento em
que eu tive vontade de sentar aqui e escrever este texto que eu a retirei dos
olhos e peguei meus óculos.
Eu ligo meu computador quando recebo uma inspiração, preparo
algo para beber e me ponho a dissertar. Hoje eu resolvi escrever sobre como
faço isso aqui existir. Eu tenho devaneios de assuntos diversos. Viajo em
minhas ideias, divago por oposições ao meu próprio pensamento e chego a uma
conclusão que nem sempre é a mesma do começo da reflexão. E eu gosto de quando
é assim.
Eu tomei um gole do cappuccino que preparei para sentar aqui
agora e quase derrubei. Mas hoje eu não ficaria enfurecido. É domingo a noite,
momento de ócio, solidão e melancolia. Mas eu estou apenas com o ócio e mais
neutro em emoções do que nunca. Diria que neste momento eu sou uma pessoa fria,
quase gelada. Esse texto é apenas a necessidade de colocar alguma coisa na
página de word em branco que foi transferida para essa página com fundo marrom
na internet. Eu gosto desse ambiente marrom, você gosta também?
Eu tiro inspiração do cérebro vazio, da bebida que eu tomo,
da música que eu ouço, dos livros que leio e até de algo que uma pessoa disse
pra mim em alguma rede social. Eu adoro quando despertam em mim uma curiosidade.
Eu só não gosto quando minha cachorra late ou não deixa eu ver TV porque fica
entrando na minha frente. Está passando um show na TV neste momento e eu
coloquei no mudo. Está com uma cara de show muito ruim. Eu não conheço a moça
que canta, mas por mais que seja ruim ela expôs o seu “eu” nas canções e isso é
bom. Eu faço isso aqui, mesmo sem saber se quem lê gosta.

Eu não gosto de quando pessoas com conversas agradáveis
ficam dias sem falar comigo. Mas eu não digo isso a elas, tenho medo de ser inconveniente.
Por outro lado eu fico feliz quando alguém lembra de algo bom que eu fiz ou
estou fazendo. Eu não sou daqueles que gostam de ficar expondo tudo que faz,
mas recentemente eu descobri o tal do “status” do whatsapp e achei engraçado.
Mas não vou ficar muito tempo, como fiz com o snapchat. Tem coisa que é muito
banal e eu não tenho paciência de permanecer.
Eu não fumo. E não sei como. Eu tinha todos os motivos para
fumar, mas não gosto. Mas se você for fumar alguma coisa perto de mim, por
favor, que seja maconha. Eu odeio cigarros. Eu nunca coloquei nada de fumo na
boca. Meus vícios são outros. Eu sou viciado em café, eu adoro tomar cerveja,
tomo a qualquer momento em casa, sozinho. Dá vontade, eu abro uma lata e tomo. Uma
só. Eu sou viciado em erva mate enquanto estou tomando meu tereré. Eu tenho a
impressão de que eu não vou parar de beber nunca. E quando eu tenho de parar
fico triste. Eu sou viciado em ler, embora eu não esteja lendo nada a longo
prazo agora e há algum tempo eu não estudo nada.
Eu sou viciado em escrever. Por isso eu tenho essa página.
Aqui eu gosto de expor coisas para que as pessoas reflitam e também escrevo alguns
contos, como talvez você já tenha lido. Eu já perdi várias ideias por não ter
anotado achando que não esqueceria. Comprei um bloco de notas físico porque não
me dou tão bem com notas do celular. Fiquei andando com ele por uns dias,
anotei umas ideias, coloquei-as em prática e depois abandonei o bloco. Agora eu
tenho ideias, mudo de música e as esqueço. Eu tenho pronto um roteiro de livro,
mas tenho medo de escrever. É sério. Não é pânico, é medo. Então, a qualquer
momento eu vou começar. Sobre isso eu posso falar em outro texto.
Eu vim aqui neste domingo a noite de ócio escrever apenas
algumas coisas sobre mim. Não deve ser interessante pra você, mas serviu para
eu pôr pra fora um pouco dos meus costumes, sobre minhas inspirações. A vida me
inspira...e eu escrevo. Meu cappuccino acabou, então eu vou parar por aqui.