Eu
pensava com meus botões o que eu poderia enviar a ela no nosso dia, durante a
arrumação de praxe de uma noiva. A semana foi agitada e eu só pude pensar nisso
no último dia, no dia derradeiro. Mas seria um desafio achar uma solução para
aquele que eu considerava ato praticamente obrigatório.
Estive
com ela pela manhã. Depois, a noiva partiu para o salão e eu corri na busca por
um carro de aluguel. Eu também tinha horário marcado no salão para dar jeito no
cabelo enrolado, mas o tempo era curto e seria uma prova de resistência à minha
paciência. A rodovia Raposo Tavares estava recheada de estresse, que era
representado por centenas de carros que andavam na velocidade de uma tartaruga.
Quando
consegui pegar o carro já estava chegando perto da uma da tarde, horário
marcado no salão. Eu suava dentro do veículo, enquanto empurrava o volante,
como se isso fizesse o carro voar até o local de destino. Enquanto isso, ainda
pensava na solução do meu problema. Ela já estava se aprontando. Com um
sobressalto, eu acordei de um devaneio de dúvida que eu não entendi, depois,
como obtive. Flores. É claro que tem de ser flores, idiota! Mas como você é
ignorante. Resolva agora! Liguei para a decoradora, que já estava a caminho da
igreja.
Cheguei
ao salão na hora exata e um peso enorme de medo saiu das minhas costas. Fiz o
que precisava no cabelo e na barba e fui para a casa na mesma velocidade e
pressa com a qual cheguei ao salão. Depois, fui até a igreja para acertar tudo
com a decoradora. Ela fazia o seu trabalho e eu fui rápido: paguei o combinado,
deixei um bilhete e fui claro. “Leve o buquê com este bilhete, por favor, não
esqueça”. Ela confirmou e fez como combinado. Confesso que a partir daquela
hora, no caminho de volta para casa, eu tinha uma curiosidade sobre todas as
outras: como seria o buquê e, principalmente, qual seria a cara dela ao ver a
encomenda enviada por mim.
A
própria decoradora levaria e eu não tinha visto as flores que comporia o
arranjo. Fiquei aflito. Queria muito ver e teria de aguardar, depositando minha
agonia por ver o presente no esquecimento. Faltava apenas uma hora para as
cinco da tarde, horário marcado no convite. Tomei um banho, vesti-me com o
terno escolhido e comi um pão com mortadela — minha única alimentação do dia
até então. Partimos para a igreja.
Tudo
decorreu como gostaríamos. A noiva chegou no horário, o noivo também. A
cerimônia começou na hora combinada e foi linda. Recebemos a benção, nos
emocionamos e, no meio do pronunciamento do padre perante todos, eu me
perguntava como era aquele buquê de rosas vermelhas, o primeiro que eu havia
dado de presente a ela em seis anos de relacionamento. Tinha a curiosidade de
vê-la com o arranjo na minha frente e os olhinhos a brilhar. Saímos da igreja.
Entramos
no carro do padrinho que nos levaria até o salão para receber os convidados,
absolutamente extasiados de felicidade e satisfação. Beijei-a novamente e
então, com sorriso no rosto e ansioso, lhe perguntei:
—
E aí, cadê o buquê que te enviei?
—
Ai amor, esqueci no salão!
Eu
a perdoei.

Esqueci por que estava com pressa de te encontrar na igreja! Desculpe-me! :'(
ResponderExcluirMas o buquê era lindo e o recadinho apaixonante. Fez-me lembrar de toda a nossa trajetória juntos: Desde a praia de Iracema até dias antes do nosso grande dia.
Eu te amo muito <3
Não se aflige. É passado rs! O importante é o significado do gesto! Te amo!
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