quarta-feira, 14 de agosto de 2024

O corpo de Cristo

 

(baseada numa história real)

Há dois tipos de pessoas no mundo: as que vivem pelos princípios criados por si, dentro daquilo que acham ético e saudável. E as que vivem pela fé, que te inspira, te ensina e te mostra os caminhos a serem seguidos segundo sua crença.

Em um pequeno pedaço da história, como num parágrafo pequeno de uma bíblia de 950 páginas, existe a história de um mulher que por tantos anos buscou a sua libertação. Uma batalha dura e triunfante em busca do caminho que Jesus Cristo a mandou seguir.

Maria levantou-se, mais cedo do que gostaria naquela manhã. Uma luz pairava na porta do quarto, vinda do cômodo ao lado. Algo que a inquietou após uma noite conturbada de sono. O marido já havia saído para um longo dia de trabalho. Levantou-se, caminhando lentamente até a sala, de onde vinha uma luz branca forte e um cheiro inconfundível de mirra.

Ao chegar em frente à luz, a mulher entrou numa espécie de transe, uma viagem no tempo, mergulhando fortemente no mundo das ideias e da fé. Maria sempre foi religiosa. Católica, nunca deixou de ir à missa aos domingos. Mas, naquela ocasião, se sentiu chamada a libertar-se. E dentro do transe que a atingia naquele local, ela lembrou-se de todo o seu passado, que carregava dor, tristeza e pecado.

Ela estava no seu segundo casamento. Mas a cabeça não a enganava. O primeiro não aconteceu de forma espontânea e verdadeira. Aquilo a afligia. Páginas e páginas de insucesso espiritual e físico. Ela atravessou diversos episódios de sofrimento enquanto no primeiro matrimônio. Mas ele havia acontecido ali, no altar, com a bênção do Padre. De forma que o casamento atual não tinha passado pelo mesmo ritual por impedimento pelas normas da igreja. E, naquele momento, com todas as suas memórias vivas e lancinantes, ela percebeu o chamado de Deus. Mirra. Morte e ressurreição. Ali, a luz divina a convocava para uma ressurreição e conciliação.

Desse dia em diante, Maria passou a se entregar cada vez mais a Deus e à igreja. A fé fazia parte de cada passo de seu dia, de cada pensamento e oração. Eram horas diárias dedicadas a servir aos ensinamentos do criador. Enquanto isso, a busca incessante pelo perdão eterno para o começo de uma nova história em Cristo.

Muitos anos se passaram até o dia 8 de agosto de 2024. No caminho percorrido, um grande trecho da pequena história de Maria foi marcado por penitências, renúncias, resiliência e muita fé. O homem que caminhou ao seu lado foi o seu alicerce. Seu marido se tornou o pilar de todo o peso que sobre as costas dela se apoiava.

Anatalino. Determinado, paciente e amoroso. Tem o nome que lhe lembra todos os dias a honra da data de seu nascimento. E ao mesmo profeta se curvou diante do chamado que Maria recebeu.

Maria. Se há milhares de anos uma delas recebeu Gabriel, o anjo, para lhe comunicar do recebimento da maior benção para quem ela era merecedora. Hoje, tanto tempo depois, uma Maria recebeu uma convocação para alcançar a luz que tanto almejava.


E no dia final, lá estava ela, Maria, e ele, Anatalino. Numa noite de céu aberto, para que o criador pudesse ser testemunha de uma glória tão magnífica e potente. Ele era o convidado principal para o banquete de Jesus servido à Maria. A igreja estava repleta de pessoas que, de perto, acompanharam a saga da fé daquela mulher que por tanto tempo lutou, chorou e abdicou todas as missas do momento mais sagrado. Pela sua conduta, mesmo que involuntária, e pelo pecado que carregou por tantos anos.

À frente do Padre, num altar reluzente preparado por Deus, ela chorou. As lágrimas da libertação. Para, de uma vez por todas, abandonar a dor e a culpa. Uma energia poderosa e avassaladora entrou pela porta da casa de Deus. Naquele momento, ela recebia mais uma vez a poderosa bênção do Espírito Santo, que buscou por toda a sua vida incansavelmente. O corpo de Cristo.

4 comentários:

  1. Meu Deus que lindo, que história chocante, chorando não consigo nem digitar, muito obrigada Sérgio.
    Ninguém conseguiria contar tão essa minha trajetória, que hoje se tornou uma graça e benção.

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    1. Foi um prazer testemunhar tudo isso. Você que me inspirou a escrever. Você é um exemplo. Um beijo.

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  2. E eu estava lá presente sentindo toda essa emoção do começo ao fim. Foi incrível mesmo.

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