segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

O que é a vida?


A vida ensina em todas as situações vividas, sejam elas boas ou ruins. Mas, aqui, hoje, eu quero falar das ruins. Porque são essas que vão fazer você, provavelmente, cometer menos erros lá na frente e desfrutar de vida melhor. O saudoso Abujamra – agora substituído em seu programa, Provocações, por Marcelo Tas – perguntava a seus convidados e agora é copiado: o que é a vida?

Como eu jamais serei entrevistado pelo mestre Abujamra, tampouco devo ser pelo seu sucessor, usarei o meu espaço, que é este, para dizer o que é a vida:

- A vida é uma sucessão de equívocos, onde a falta de experiência ou a insistência no que não deu certo são as ferramentas utilizadas para o aborrecimento;

O que é a vida?

- A vida é um conjunto de ações temerárias, recheadas com pitacos de ações assertivas, que mesmo sendo te cobram um preço na frente;

O que é a vida?

- A vida é a única coisa que nós temos, sem opção de escolha. Porque até a morte é uma parte da vida, inexistindo sem a primeira. A vida é uma linha do tempo onde nós construímos o que queremos ser, tendo que desvencilhar-nos de tentáculos que nos levam ao fracasso do ser quem queremos.

O que é a vida?

- A vida é um jogo de reflexão, onde construímos e desconstruímos teorias que nós mesmo plantamos e outras que plantaram em nós. E essa é a melhor parte dela.

Eu me emocionei escrevendo isso. Não emoção de chorar, mas de esfregar as mãos, sorrir sozinho, franzir o cenho e até suar e tremer um pouco. Descrever a vida não é fácil. Poucos conseguiram fazer mais de duas vezes no “Provocações”. O que você acha que a vida?

Dito várias vezes, sob meu olhar, o que é a vida, eu chego num ponto desse texto que pode te desanimar. Contudo, é uma conclusão que você provavelmente teria se tivesse feito essa reflexão antes. A vida é um errar contínuo. Você conhece alguém que, com qualquer idade, de tanto errar aprendeu tudo? Alguém que não comete mais nenhum erro? Você conhece alguém perfeito?

Esqueça suas paixões. Na paixão o outro é perfeito, porque guarda nele o amor que você busca – até que passe a ser outra pessoa esta que guarda, caso necessite de ser. Eu, você, ele, ela, eles todos cometerão equívocos das mais diversas espécies, cada um dentro do seu quadrado. Entenda: com o perdão da palavra, você faz cagada até quando acha que não fez, sem perceber. Mas tem um lado bom, se você tem habilidade nisso (eu considero que tenho relativa habilidade, o suficiente para que não seja acusado): as besteiras que você comete não repetirá. Portanto, ninguém tem o direito de dizer que um problema que hoje tens, foi causa de outro fracasso no passado. A menos que você mesmo chegue a esta conclusão.

A vida é um ciclo (vicioso) que algumas vezes nos leva ao mesmo lugar, ou à mesma situação. E o que você faz com ela é diretamente uma resposta ao que fez na rodada anterior. Exemplo: se você, desatento, confiou que um farol amarelo não fecharia antes que passasse, errou sua conclusão e levou uma multa, provavelmente no próximo amarelo você freia. Se você tomou uma decisão que tirou de você uma pessoa amada, e nisso a culpa foi tua, no seu próximo amor você apeifeiçoará o teu problema. E quem sabe até torna-lo virtude. É possível.

Portanto, repito: não é direito de ninguém acusa-lo de repetição de equívoco, pois o terceiro não viveu a tua vida, não fez as tuas reflexões, tampouco sentiu o que você sentiu naquele momento. Por isso que os velhos são sábios e, segundo aquele dito africano, “quando um velho morre uma biblioteca se incendeia”. Uma biblioteca de conhecimento sobre o que é a vida e como vive-la. Mas quem é velho suficiente para se prevenir de todos os equívocos? Basta, para nós, olharmos dentro do nosso próprio ser, e ter, acima de tudo, humildade para reconhecer a presença daquilo que muitas vezes nos magoa ou magoa um amado.

E no decorrer dos nossos dias aqui nesta Terra, nós vamos noite pós noite deitando na cama, refletindo, mudando, metamorfoseando as respostas para a mesma pergunta: afinal, o que é a vida?