sexta-feira, 10 de março de 2017

Alice

Existe um provérbio africano que diz: “quando morre um velho é uma biblioteca que se incendeia”.
Mais do que uma biblioteca, como um HD de grandes histórias, cultura e conhecimento de um idoso, Alice era um depósito de calma, carinho e compaixão. Fez sua passagem dormindo como um passarinho e encontrou no plano espiritual aquele que não via há quase 14 anos. Quando ele soube de sua futura chegada aparou a barba, vestiu a velha camisa marrom de botões, uma bermuda confortável, a bota preta e se perfumou. Daquela forma, a tradicional, ele esperaria sua véia, que era “tão boa, mas tão boa, que chegava num prestá”. Assim como eu e você, Pedro não queria esperar por tanto tempo, mas não teve escolha. Alice tinha de terminar o seu legado na terra dos humanos e esperar a geração posterior para deixar seus ensinamentos. Mas ele, agora, teve sua recompensa.