Se
eu pudesse bater um papo com Deus, face a face, começaria pedindo para que Ele
não levasse mais os gênios. O mundo precisa deles.
Há
uma semana, a dramaturgia perdeu José Wilker. Há três dias, a literatura perdeu
Gabriel Garcia Márquez. E neste sábado, o jornalismo esportivo perde um dos
maiores narradores da história. Foi-se Luciano do Valle. Contou-nos a trama de
diversos títulos do Corinthians com a categoria de um craque. Com uma voz
marcante e os bordões inconfundíveis, Luciano do Valle fez história dirigindo
grandes equipes na Globo, na Record e na Band.
Foi
Luciano quem lançou Maguila no boxe, exaltou o vôlei e o basquete, fazendo com
que essas modalidades viessem à visão do brasileiro, com a importância que
tinha o automobilismo, onde narrou muitas vitórias de Piquet. Na Indy, deu um
passe para Teo José dominar as telas da Band nas pistas.
O
gol de Tupãzinho na voz de Luciano nos faz lembrar com emoção o primeiro título
brasileiro, que ele fez questão de exaltar, com o tamanho do Corinthians e
maestria incalculável ao final da partida. Assim como fez em 2000, no nosso
primeiro título mundial. Campeão do Mundo, por um campeão da locução esportiva.
Perdemos
no rádio Osmar Santos (graças a Deus ainda vivo). Perdemos no mundo Fiori
Gigliotti e agora não temos mais Luciano do Valle. Mas temos agora um mito que
será eternamente lembrado pelos gratos narradores que hoje iniciam carreira e
veem em ti, Luciano, um espelho.
Como
você mesmo disse durante narração do primeiro gol de Ronaldo com o manto
alvinegro, Deus existe. E você agora descansa ao lado dele, ídolo Luciano!