Depois que chegamos à ilha, eu tomei um banho de mar para
aquela tradicional lavada na alma com sal. O sal parece que limpa nossos
sentidos, deixa para trás algumas coisas que talvez nos incomode. Entre o som
do mar e de algumas conversas que me pareciam estranhas, eu ouvia notas
musicais vindas do nada, eu não tinha fone nos ouvidos. Apenas sentia o quente
do sol e o áspero da areia.
Mas onde me achei foi na rocha. Localizada no canto, alguns
palmos abaixo do nível da água com a maré baixa. Dali eu me aproximei e eu me
sentei. Apoiei meus pés e abracei as pernas. Naquele momento, naquele pequeno
momento de apenas alguns minutos, eu me senti verdadeiramente bem. Parecia que
tinha capacidade de, se quiser, voar. Aquela brisa boa batendo no rosto, os
olhos fechados. Foi nesse momento que eu desejei em meus devaneios jamais sair
dali. Mas o barco chegou.